Making Of VOZ
Ian Velloza JUMBO
Tenho uma ligação com a marca JUMBO há 7 anos. O que é raro hoje em dia, cada vez mais raro, as marcas manterem uma ligação com um locutor. Por um lado e para mim faz sentido, pois para quem ouve, para o espectador, rapidamente identifica a marca. (...)
Tenho uma relação fantástica com eles. E eu gosto de fazer. Nem sempre tenho muito tempo para dizer o texto, o produto é grande e é giro conseguir fazer isso com um sorriso, com intenção . E esse jogo torna-se divertido. Já tive cartelas de 5” em que tive de pôr tanto texto ali em cima que parecia impensável. Mas entrava com um sorriso e resultava.
A primeira vez que ouvi a minha voz num estúdio com colunas boas, pensei que afinal isto até nem é assim tão mau (risos). Aí eu gostei.
As pessoas pensam que é fácil, mas não . Ou se tem um jeito quase natural para aprender rapidamente como é que isto funciona ou então não basta ser o cómico que consegue imitar vozes, só isso não chega.
Quando se começa temos que aprender a colocar a voz, aprender a respirar e temos de ganhar a facilidade de mudar as nuances da frase consoante o que pretendem. Normalmente há várias pessoas na régie e cada uma tem a sua opinião. Temos de conseguir ir ao encontro de cada uma dessas opiniões até se chegar a um consenso. E tem de se estar com abertura para se ser dirigido para não se encalhar sempre no mesmo tom, ou entoação.O que se ganha com o tempo (experiência) para além desse à-vontade, é perceber tecnicamente como é que funciona. E então passamos a ter uma relação muito ligada ao técnico (de som). É um trabalho de equipa obviamente até por que há a parte criativa que é muito importante. Mas há uma ligação muito forte entre o locutor e o técnico. Há quase uma conversa silenciosa entre os dois. Porque por vezes com muitas conversas na sala há coisas que se perdem.
Estou com a Marta desde que decidiu criar o conceito de Agência de Voz. Depois quando houve a transição para a ZOV fui logo dos primeiros apoiar essa mudança. Tenho uma relação muito boa com toda a equipa, que já dura há muito tempo. O mercado cresceu muito, há muitas vozes agora, mas eu estou com elas desde o início e tenho o meu trabalho de locução bem entregue.
Comecei muito recentemente a fazer uma coisa, onde estive anos para conseguir entrar. Desde que comecei a fazer locuções era uma coisa que eu queria fazer e não é pelo valor monetário. Tirando os filmes da Disney não pagam o que se recebe em Publicidade. São os filmes de animação. Dá-me muito gozo. Chateava muitas vezes a ZOV para arranjar maneira de me meter nos desenhos animados.
Até que finalmente consegui fazer e adoro. No verão passado fiz a voz do mau principal no filme “Os Matraquilhos” e adorei. Agora estou a dobrar para a série da Sic Lego - Ninjago. São estórias de ninjas. E eu faço um personagem muito cómico, diverto-me imenso a fazer. Sou um personagem meio Elvis, a fingir que sou um samurai e na verdade não sou nada disso, sou um grande tangas.
Quando comecei a fazer locuções eu já tinha trabalhado como actor e já percebia o que é trabalhar em equipa e encarava que o actor é mais um técnico. Na minha cabeça se alguém é o artista, é o realizador pois é aquele que tem a visão total do que está a acontecer. E o actor tem de trabalhar para essa visão. E tem de respeitar o director de fotografia, o técnico de som... és mais um técnico (...). E há uma coisa fantástica que são os ambientes de estúdio. Estes ambientes são fantásticos. Os espaços são sempre espaços desenhados para serem calmos e zen...