Exclusivos ZOV
João Didelet
14.04.2015
Audio
1
2
Video
João Didelet, ator por inteiro
Se veio ao mundo com algum propósito não tem dúvidas sobre qual foi: representar. Em todas as suas formas - no palco, na tela de cinema, no pequeno ecrã, ou atrás de um microfone a representar com a voz. Fá-lo como quem respira e, se não o fizer, admite que não se sente um ser completo. Fica pela metade. Tem outros amores, como a música e até a biologia, por onde enveredou antes de se aperceber do disparate que estava a fazer. Agora, acrescente-se-lhe um outro papel maior, o de Super Pai. Na realidade, não na ficção.
João Didelet tem 51 anos e cedo descobriu o talento para a representação. Foi em Álcacer do Sal, quando frequentou um pequeno curso de teatro. E foi amor à primeira vista. Depressa deixou a biologia e inscreveu-se na Escola Superior de Teatro e Cinema, onde se formou em Atores no início da década de 90. As portas da representação abriram-se escancaradamente para si e, mesmo numa pior fase da carreira, onde as portas teimaram em permanecer apenas entreabertas, nunca duvidou de que a representação era a sua casa. A única onde se sentirá sempre bem.
De sorriso na cara e boa disposição permanente, os 25 anos que já leva às costas de carreira não o assustam. Antes pelo contrário. Na bagagem leva já a colaboração com as mais diversas figuras de relevo do teatro, como João Perry, Carlos J. Pessoa, Filipe Pires, Silvina Pereira ou Alexandre de Sousa. Casas onde tenha sido feliz já conta com algumas, do Teatro da Trindade ao Teatro da Garagem, passando pelo CCB ou pelo Teatro Joaquim Benite.
No cinema, participou em dezenas de filmes, entre curtas e longas metragens, como A Janela não é a Paisagem ou A Janela – Maryalva Myx, de Edgar Pêra, I'll See You in My Dreams, uma curta de Miguel Ángel Vivas, Porto Santo, de Vicente Jorge Silva, Debaixo da Cama, de Bruno Niel, Portugal S.A, de Ruy Guerra, O Milagre Segundo Salomé, de Mário Barroso, o Inimigo sem Rosto, de José Farinha, Amália – O Filme, de Carlos Coelho da Silva, ou Uma Aventura na Casa Assombrada.
Mas foi na televisão que, de resto, se tornou um rosto familiar para os portugueses. Muitas vezes em séries familiares, para os mais novos, como Super Pai, Jornalistas, Crianças SOS, Os Batanetes, Floribella ou Morangos com Açúcar. Mas também em séries televisivas ou telenovelas diversas, como Bocage, A Ferreirinha, Os Serranos, Vingança, Até Amanhã Camaradas ou, mais recentemente, Doce Tentação e Belmonte, novelas da TVI.
Pelo meio, um outro amor. As dobragens para cinema e a locução para publicidade. Voz grave mas de sorriso espelhado, João Didelet já deu voz às seguintes marcas : Mercedes, Bongo, Continente, Staples, Minisom, Mercurochrome, ANF, Generalli, Nintendo, VW, Tap, Novo Banco, Fundação Manuel Santos, Phon-ix, entre muitas outras.
Se tivesse de escolher um dos quatro meios, o seu coração hesitaria mas acabaria por pender para um lado: o teatro – o espetáculo dos espetáculos por excelência, onde todos os imprevistos contam e onde o calor dos aplausos, ou as vaias do público, estão mesmo ali ao lado. Sem manipulações ou edições a proteger os atores dos seus deslizes. À imagem e semelhança de João Didelet, que nunca vê uma linha a separar o ator do personagem. Os dois são um só, porque dão tudo de si ao outro.
É o ser-se por inteiro, e não se ficar pela metade.