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Carla Bolito
29.10.2012
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«Em palco, prima por um carácter firme e autêntico. Com a genialidade dos seus movimentos corporais, desprende-se completamente de si e empresta a sua genialidade ao que se chama arte. Com uma voz sem mácula e cristalina, de repente o seu corpo ilumina-se e transmuta-se numa das várias personagens que esconde dentro de si», assim a descreveu um dia um espectador e admirador.
Tudo se resume à voz, ao corpo, ao movimento, à representação e à dança. Ingredientes vitais que, reunidos em harmonia perfeita, revelam um pouco daquilo que é Carla Bolito: uma mulher da arte e da expressão artística no seu estado mais puro.
Nasceu em Moçambique, e aos 17 anos iniciou o seu percurso profissional em Portugal. Começou por integrar o Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra e, um ano depois, formou-se em actores no Instituto de Formação, Investigação e Criação Teatral e no Instituto Franco-Português. No final, obteve uma bolsa para estagiar na Compagnie Ouverture de Alain Maratrat, em Paris.
Foi actriz residente do Teatro ‘O Bando’ e depois tornou-se actriz freelancer , trabalhando com vários encenadores, entre os quais com Jorge Silva Melo com os Artistas Unidos, Lúcia Sigalho, José Peixoto, Carlos J.Pessoa, Jorge Andrade, entre outros. Numa constante imersão na representação, Carla Bolito acabou por mergulhar em todos os ramos. Incluindo a encenação e a autoria de peças dramáticas.
No cinema, destacou-se bem cedo no papel de Maria Rita Raposo no filme ‘Corte de Cabelo’, de Joaquim Sapinho, ao vencer o prémio de Melhor Interpretação Feminina no Festival de Cinema de Genebra. Mais tarde, foi novamente premiada pela sua prestação no filme ‘O gotejar da Luz’, de Fernando Vendrell, conquistando o Shooting Star do Festival de Berlim. Mas não ficou por aí. Numa outra realização de Fernando Vendrell, ‘Pele’, destacou-se no papel de uma actriz de teatro de cabaret e foi candidata ao prémio de melhor Actriz Secundária no Festival de Cinema Luso-Brasileiro de João Pessoa.
No pequeno ecrã participou em telefilmes como ‘Facas e Anjos’, ‘La Mort est Rousse’, ‘88’, em séries como ‘Bocage’ e ‘Regresso a Sizalinda’, na RTP, e em telenovelas como ‘Bons Vizinhos’ e na temporada IV de ‘Morangos com Açúcar’. O seu domínio da língua francesa valeu-lhe ainda a participação na série francesa ‘Moi, Bernardette j’ai vu’.
Mas Carla Bolito é também dotada de um especial talento para a música e para a dança.
Participou em coreografias de Olga Roriz e Clara Andermatt e foi vocalista de uma banda, os Coty Cream.
Declama poemas brilhantemente, como o fez com as palavras escritas de Patti Smith, que ganharam vida e forma numa performance única ao serem proferidas ao vivo, ou ‘Íssimo’ um recital de poemas de Álvaro de Campos, que ainda hoje recita acompanhada na guitarra por Tó Trips (dos Dead Combo).
Trava ou destrava línguas foi também mais uma das formas que descobriu para brincar com a voz, desta vez dedicando o seu tempo aos mais pequeninos.
A sua versatilidade, nomeadamente a nível vocal, valeu-lhe ainda a dobragem da personagem principal do filme ‘Água e Sal’, de Teresa Villaverde, e têm-lhe valido ainda inúmeras participações na locução para publicidade.
Há mais de 15 anos que Carla Bolito dá voz a marcas, projectos institucionais e filmes de animação:
Nintendo, Frutos e Fibras, Seat, Toshiba, Persil, Optimus, Continente, Raspadinha, TAP, Mac Donalds, Peugeot, são alguns exemplos onde protagoniza variados papeis. Mais recentemente deu a voz para a Credito Agrícola, assinando como voz de companhia. Um tipo de trabalho que não é muito habitual mas que poderá ser, sem dúvida, um novo caminho a desbravar: ser a voz oficial de uma marca. Porque não?
Tarefa fácil para quem tem aquela tal «voz sem mácula e cristalina»...aquele «carácter firme e autêntico», «aquela genialidade a que se chama Arte».