Making Of VOZ

Rui Portulez - LAYS

Esta marca é simpática. Trabalha-se directamente com Espanha apesar da decisão ser tomada cá. Mas ouvem os dois lados porque fazem as adaptações em equipa, espanhola e portuguesa, e funciona bem. As coisas são muito simplificadas, eles sabem o que querem, dizem o que pretendem, ouvem a equipa, perguntam sempre se estou confortável com a locução que fiz, qual é o take que gostei mais, que é uma coisa que em Portugal não acontece. Confiam, sabem que estão a trabalhar com profissionais que à partida sabem o que estão a fazer. É como fazer uma obra, no fundo tens de ter uma boa equipa de profissionais e haver confiança na equipa. Por isso se o cliente contratou a equipa, e são pessoas em quem tem confiança é natural que perguntem o que pensam sobre o trabalho que estão a fazer. Obviamente que a escolha final é sempre do cliente, mas é bom ouvir toda a gente.

Eu fazia as manhãs da XFM, fiz rádio primeiro em Coimbra e depois vim para Lisboa, para a XFM. E foi uma fã que me ouvia na XFM, a Cristina Borges, da Abrinício na altura, e que me sugeriu fazer um spot da Smint, uma frase que era, “No smint, no kiss”. Eram umas pastilhas e foi o primeiro spot que fizeram em Portugal para lançar a marca. Ela sempre gostou muito da minha voz, convidou-me, eu fui fazer e correu bem.

No início achamos sempre um bocadinho estranho, a nossa voz gravada. Eu já não achei nada de estranho em me ouvir, porque nessa altura já tinha ultrapassado essa fase da estranheza, fazia rádio há algum tempo e já era natural.


Comecei nas rádios piratas ainda era puto, mas foi por causa da música. Quando foi o boom das rádios piratas em 84 ou 85. Fazia com mais dois amigos e era eu que falava ao microfone, porque eles não queriam falar. E como alguém tinha de falar, ok, falo eu. Não tinha noção se tinha voz de rádio ou que sabia falar, foi para desenrascar, mas depois comecei a gostar de o fazer. Mas foi sempre pelo lado da música, nunca pelo lado da voz. Nem nunca pensei em vir a ser locutor ou viver disto, que é o que faço agora. Foi absolutamente casual.

A ZOV entrou por causa da Marta, na altura não a conhecia, mas falei com ela e gostei dela e da proposta, fui conhecendo a equipa. E nós damo-nos bem, trabalhamos bem, gosto do trabalho que fazem e mais importante que isso, não só gosto como tenho confiança, o que é fundamental no ramo do agenciamento e estou à vontade com a gestão que elas fazem da minha carreira em termos de voz e tenho-me dado bem.

Não faço nenhuma preparação antes das gravações, apenas não tomo café pois normalmente ataca as cordas vocais. Já deixei de fumar há muito tempo portanto já não tenho esse problema, evito as bebidas frias e essas coisas básicas, mas não faço nenhum aquecimento em particular.

As frases legais dão-me gozo por ser um desafio técnico e nota-se a diferença se gravares rápido, com boa dicção, articulado, que é o trabalho dos locutores ou se a acelerarem depois de gravada. Fica mais perceptível, não soa tão mecânica, fica mais orgânica e soa-nos melhor. Em relação aos outros eu gosto de dizer poesia, de gravar textos institucionais, mais longos, mas depende sempre do texto e do que me pedem, do tipo de filme, quando é um filme.


 Ou seja, depende de todos os factores. Agora faço mais personagens, interpreto mais e acho que me tornei mais versátil em termos de locução do que quando comecei. A experiência conta, mas o gosto em fazer coisas diferentes é um factor muito importante.

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