Através daquela ideia do Ah e tal, tens uma voz tão boa, porque não fazes locuções? Tantas vezes ouvi que acabei por fazer um teste de voz em 2005, e o resto é história

Cheguei de tarde à Indigo para fazer uma maquete para a Nestlé. Isto no final do século passado. Em 2000.

Aquele género de A sério, és tu que fazes aquela voz? Não acredito. Mas a maior parte das vezes é mais a ideia de conseguir fazer vozes muito diferentes mas sempre próximas do ouvido.

Voz doce, maternal, sorridente. É giro fazer a voz sorrir.

As dobragens de desenhos animados e a locução de documentários.

Trabalhar os tons mais graves e aperfeiçoar a intuição de interpretação dos personagens que surgem, geralmente com graça, pois contar uma história em pouco tempo e com graça é deveras uma tarefa difícil.

Sou director de uma revista trimestral sobre cultura portuguesa chamada Revista Gerador.

Gosto de cantar a música do Indiana Jones quando estou com pressa para acabar alguma coisa ou chegar a algum lado. Ajuda-me a ser mais eficiente, não falhar, ou seja, não deixar o chapéu para trás!

Uma locução que fiz para uma empresa de telecomunicações, um filme espectacular, uma música espectacular, um técnico espectacular e uma locução espectacular ao primeiro take.

Não sou apologista de fazer depressa e bem, mas aconteceu a primeira tentativa ser indiscutivelmente melhor do que todas as outras, e nesse caso, acabei o trabalho 15 minutos depois de ter entrado no estúdio. É o que se chama acertar na mouche.

Representa um casamento feliz entre o que mais gosto de fazer e o que faço melhor.

A Zov é uma referência de qualidade, de confiança, um espaço onde sabemos que cuidam bem de nós. E claro, devemos retribuir.

Ser o marido da minha mulher. Não levem a mal mas ela lê todas as minhas entrevistas.

Ser ator nas locuções.

Ambas. O importante é saber contar a história. A imagem tem a vantagem de podermos estar mais distraídos, com o som podemos ser mais íntimos.

Adoro ouvir os spots de rádio. Apelam muito mais à imaginação. Não sei se é o melhor meio para comunicar mas é muito mais desafiante para os locutores.

Preparar uma revista cultural ou a arranjar as couves da minha horta.

Tentar perceber o que o cliente está a opinar quando a via está fechada ou pego na caneta e faço uns exercícios de articulação para descontrair.

A minha é a ferramenta de trabalho mais fixe que tenho. A dos outros é a principal emissão de ideias. O que apareceu antes? A ideia pensada ou a ideia falada?

A voz é um canal de emoções. Através dela consegue-se perceber como nos sentimos . É uma parte de nós que se aprende a gostar, a distinguir o bom do mau, é uma identidade tão forte como a nossa imagem.

Sentir que vou sempre onde realmente me querem.

Estar com a minha família, um bom jantar de amigos.

Ser preguiçoso e esquecer-me que sou um priveligiado por fazer desde os 18 anos aquilo que mais gosto.

Presenciar uma catástrofe, mais precisamente um tremor de terra.

Falo muito. Sou muito bom a contar histórias (acho).

Opinativa tipo bitaite e dar o peito às balas quando a causa é justa.

Nada. Tem corrido tudo tão bem assim, que mudar soa a perigoso.

É a voz de um administrador, bem sucedido, e que gosta muito dos seus empregados. (Pelo menos foi a definição que mais gostei de ouvir até agora.)

É uma voz acolhedora, simpática, que gosta de sorrir, de contar histórias. Sejam elas de 1hora ou de 30 segundos.

O Morgan Freeman, o David Attenborough e o António Feio.

Gosto muito de ouvir a Catarina Wallenstein pela doçura fresca que tem na sua forma de locutar. E a Inês Castello Branco tem uma irreverência com imensa graça que me faz roer de inveja. ;-)

Sim. Foi um video sobre o fabrico de rolhas em português, espanhol e inglês.

Sinceramente, não. Lembro-me do casting da Nestlé, era uma miúda. Lembro-me de não gostar de me ouvir. Acho que nos acontece a todos.

Assinaturas e dobragens de desenhos animados. Pela diferença mas sobretudo pela criação de personagens. Ambas precisam de existir na cabeça das pessoas quando vêm as imagens, e uma marca também é uma personagem.

Gosto muito de trabalhar a voz de companhia de um produto, mas também gosto de fazer dobragens.

Canto e faço personagens ao longo do dia. Se estou muito cansado, uma pastilha efervescente de vitamina C, propolis e mel, faz a diferença.

A minha garaganta é muito vulnerável pelo que tenho que ter ultra cuidados. Não estar em ambientes nem muito quentes nem muito frios, beber água sempre natural, mesmo no verão, não comer antes de me deitar por causa do refluxo, aquecê-la antes de trabalhar e se possível, também fazer o arrefecimento depois de acabar o trabalho.

Os colegas que fazem trabalhos tão bons que até dão inveja e as pessoas que vejo na rua. A realidade supera sempre a ficção, né?

Um piropo de uma cliente, sobre a sensualidade da minha voz, com ela a assumir que ía levar uma cópia da minha gravação para casa.

Trabalhar uma campanha inteira durante duas horas com um briefing, sem o cliente estar presente, o que infelizmente é comum em Portugal, e depois refazer tudo de novo.

Adoro o som dos aspiradores e dos secadores de cabelo, nunca percebi porquê.

O meu filme preferido é de longe A Leste do Paraíso do Elia Kazan. O James Dean parece que faz aquilo sempre diferente de cada vez que vejo.

Adoro o Meu Tio do Jaqques Tati, uma grande referência tanto sonora como de imagem pela poesia de cada momento, e o sentido de humor.

Não tenhas pressa.

Experimenta lá outra vez.

Planto favas todos os anos.

Gosto de arranjar autoclismos privados e públicos. Detesto ver água ser desperdiçada. 90% de sucesso!